Qual foi a pior equipe da história da F1? Temos a resposta!

Falarmos sobre as maiores e melhores equipes da F1 com certeza é fácil, temos os nomes de Ferrari, McLaren, Mercedes, Brabham, Lotus, Williams, Red Bull e Tyrrell, equipes que ganharam vários títulos ao longo de décadas e outras dessas que ainda são potências hoje em dia. Muitos construtores que já passaram pela categoria foram totalmente esquecidos por não terem apresentado nenhum resultado expressivo, ao total foram 171 equipes que em algum momento ao longo dos 72 anos de Fórmula 1 já estiveram no grid da categoria. Porém, uma equipe especificamente foi tão ruim, mas tão ruim que na sua tentativa de participar do campeonato sequer conseguiu alinhar para uma corrida; estamos falando da nasci-morta equipe Lola Mastercard. Sim, existiu uma equipe com este nome e vamos provar porque ela foi a pior da história da F1. 


Muitos associam o título de pior equipe da história para a equipe Andrea Moda, que competiu em 1992, mas a também lenta equipe pelo menos conseguiu uma vez alinhar um carro no grid, ou seja, participou de uma corrida, sendo que a Lola Mastercard nunca participou de uma corrida, mas teve a prova de ser tão ruim pois sim, foi para a pista, mas não conseguiu se classificar para a sua única corrida que participou.  


A história se passa em 1997, mas começa muito antes, em 1958, quando Eric Broadley criou a Lola Cars, uma empresa que fabricava chassis e carros para categorias nacionais de automobilismo no Reino Unido, muitos carros de Fórmula 2 e Fórmula 3 foram construídos pela equipe nos anos 1960, além de carros protótipos para categorias de turismo ao longo dos anos 1970 e 1980, tendo maior feito a construção de carros da IMSA nesta época.  


Apesar disso tudo, o maior sonho de Eric Broadley era ter uma equipe de F1 e tudo isso parecia mais perto ainda pois a Lola desenvolveu chassis para carros da categoria durante décadas, mais especificamente entre 1962 até 1992, tendo carros de equipes como Honda, Embassy, Haas, BMW, Larrousse e Scuderia Itália. Desenvolver chassis já era algo incrível para Broadley, mas isso ainda era pouco, pois era apenas uma parte de todo um projeto todo, pois eles apenas vendiam esses chassis para equipes que cuidavam de todo o desenvolvimento de motor, aerodinâmica e desenvolvimento do mesmo para as competições. 


O tempo passava e após todos esses anos de sucesso como uma empresa de sucesso no ramo da construção de carros de corrida, Eric que já tinha 68 anos de idade viu que estava na hora de realizar seu maior sonho: ter uma equipe de Fórmula 1, uma equipe mesmo, com o nome Lola e tendo ele como chefe de equipe. Foi assim que nasceu a equipe Lola Mastercard. O sonho que meses depois se tornaria um pesadelo começou como um roteiro de filme de tragédia: uma situação que parecia tudo estar bem antes de vir a tragédia do final da história.  


Tudo parecia se encaminhar muito bem, pois em outubro de 1996 a equipe de Broadley fechou um ótimo acordo comercial com uma das maiores empresas de cartões de crédito do mundo que teve como cláusula de ser a patrocinadora principal do projeto o direito de ter o nome estampado em todo o carro e também parte no nome da equipe, foi assim que nasceu a Lola Mastercard. 


As coisas começaram a ficar duvidosas quando descobriram o quão caro era construir um carro de F1 por completo, assim perceberam que o dinheiro que a Mastercard ofereceu e o que a Lola podia gastar não era suficiente para em apenas 4 meses desenvolver um carro de Fórmula 1 saindo do zero e com tudo novo. Foi aí que veio o primeiro erro, a equipe teve a ideia de adquirir peças de carros já usadas em anos anteriores e reformular este para as configurações da temporada 1997. Foi assim que nasceu o fracassado Lola T97/30, um verdadeiro Frankstein que para piorar ainda vinha equipado de um motor Ford defasado usado em 1995 e um câmbio com tecnologia de 1993 que tinha 6 marchas contra 7 marchas das outras equipes.  

 
As desvantagens já começavam no carro e na falta de dinheiro, porém, além disso a Lola precisava encontrar pilotos para estes carros, e para encontrar alguém assim de última hora não seria fácil, foi assim que quem teve a missão de assumir o volante dessa bomba foram Ricardo Rosset e Vicenzo Sospiri, nomes estes pouquíssimo lembrados da F1. Apesar das dificuldades, a equipe conseguiu fazer testes na pré temporada e pelo menos o carro parecia confiável, apesar de ser muito desbalanceado e lento, mas estavam confiantes pois acreditavam que era apenas necessário tempo para equilibrar tudo.  


Foi o que pensaram, pois o choque de realidade veio no dia 07/03/1997 nos treinos livres para o Grande Prêmio da Austrália, etapa inicial daquela temporada. O choque de realidade com a falta de competitividade comparada às outras 11 equipes demorou para ser percebido pois naquela época não existiam testes de pré temporada coletivos e com contagem conjunta de tempos como hoje em dia, era um tempo onde cada equipe precisava fazer seus próprios testes particulares e a prova real saía somente no início da temporada.  


Mas qual era o real problema da equipe? Simples, velocidade, qualidade de peças e falta de estabilidade pois tinha uma aerodinâmica péssima. O resultado disso foi um desempenho vergonhoso e vexatório, um carro que virou piada naquele fim de semana.  


Na prática, os números mostram o quão lento era esse carro para os padrões da categoria: na classificação para aquela corrida a poleposition foi de Jacques Villeneuve com o tempo de 1:29.369, enquanto Ricardo Rosset da Lola marcou o tempo de 1:42.086, uma marca de incríveis 12.717 segundos atrás em apenas uma volta, um desempenho visivelmente de uma categoria inferior. 

 

O resultado disso foi que a direção de prova não permitiu que os carros da Lola Mastercad largassem para aquela prova, pois eram 7 segundos mais lentos que a segunda equipe mais lenta do grid e 12 segundos mais lentos que os líderes em apenas uma volta, isso para os padrões da F1 são anos-luz. Se os carros da Lola tivessem largado teriam em apenas 11 voltas ficado uma volta atrás do líder e ao final das 58 voltas teriam ficado 5 voltas atrás do vencedor, algo inaceitável para o bom andamento de uma corrida. 


Com isso, aconteceu de cara um banho de água fria para a equipe, tendo perdido a oportunidade de participar de uma corrida de Fórmula 1. Foi assim uma estreia que ainda não tinha acontecido, e que para piorar, nunca aconteceu. Duas semanas depois estava programado para acontecer o Grande Prêmio do Brasil de 1997, com isso a Lola planejava melhorar o carro e até que enfim poder ter um desempenho minimamente aceitável, entretanto o pior estava por vir: no dia 26 de março a Mastercard anunciou a retirada do patrocínio para a equipe e encerrou a parceria com a Lola deixando o time de Eric na mão sendo que tinham prometido mais de 6 milhões de libras de patrocínio para pagar todas as despesas da equipe para aquela temporada.  


O pior para a equipe Lola foi que eles tinham trazido ao Brasil já toda sua estrutura para participar da corrida que aconteceu naquele fim de semana, porém, sem o dinheiro e sem o patrocinador eles não tinham como pagar nada da estrutura que montaram, sequer conseguiriam pagar os funcionários. No dia 02 de abril de 1997, apenas 6 meses após ser fundada e menos de um mês após tentar estrear na F1, morria a malnascida equipe Lola Mastercard, que acabou literalmente sem crédito, sendo apenas a Lola de Eric Broadley de mão abanando sem saber o que fazer com o ocorrido. 


A situação da empresa ficou tão afetada que em 1998, ano seguinte, Broadley precisou vendê-la pois as dívidas causadas pelo ambicioso projeto de equipe de F1 varreu as contas da Lola. 


Eric viveu até os 89 anos de idade quando morreu em 2017 sem ter realizado o sonho de ter uma equipe de Fórmula 1, pois a Lola nunca conseguiu se habilitar para competir em um Grande Prêmio. 


Sendo assim, ficou bem claro o porquê desta equipe ser sem sombra de dúvidas a pior da história, pois foi tão ruim que nem foi permitida competir. 

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