O Peraltado: o debute de Schumacher - parte II

Olá pessoal! Sou Eduardo Casola Filho e este é a coluna O Peraltado. Hoje eu conto a segunda parte do meu relato sobre o Grande Prêmio da Bélgica de 1991.

No capítulo anterior, contei como Bertrand Gachot foi parar no xilindró e como o jovem Michael Schumacher foi selecionado para estrear na equipe Jordan. Hoje conto como foi a corrida realizada no fim de semana de 23 a 25 de agosto de 1991 em Spa-Francorchamps.

Primeira corrida é só alegria!

O alemão de 22 anos chegou após fazer parte do programa de jovens pilotos da Mercedes e de arrepiar nas divisões de base. Para correr, o seu empresário Willi Weber desembolsou US$ 237 mil para correr na etapa belga.

Logo que começou, Schumacher já mostrava potencial e andou bem durante os treinos. conseguindo a sétima posição no grid de largada. Vale lembrar que ele estava em uma equipe estreante e que ele enfiou nada menos que um segundo e meio em Andrea de Cesaris, outro piloto da Jordan.

Naturalmente, o circo da Fórmula 1 já ficou agitado por conta da presença desse jovem germânico. E as expectativas para a corrida eram boas.

Cena rara: Schumacher dentro de um carro da Jordan

No entanto, a típica avareza de Eddie Jordan acabou com as esperanças de Schumacher. O alemão reclamou que a embreagem já estava falhando durante o warm-up e que precisava ser trocada. O irlandês acreditou que uma embreagem nova seria um luxo desnecessário para aquele pivete queixudo e recusou-se a abrir a carteira.

Resultado: após a largada, Schumacher segurou-se bem na subida da Eau Rouge, mas ao chegar à reta Kemmel, o Jordan 191 #32 acabou enguiçando e a estreia de Schumi foi mais curta que a luta da Ronda Rousey contra a Bethe Correia.

Chega de falar de Schumacher, por enquanto. O campeonato de Fórmula 1 no ano de 1991 tinha uma equilibrada disputa entre Ayrton Senna e Nigel Mansell. O brasileiro começou o ano dominante, vencendo as quatro primeiras corridas do ano, mas o Leão reagiu, muito por conta do seu carro, o FW14, primeiro bólido projetado por Adrian Newey pela Williams.

Largada do GP da Bélgica de 1991

Em Spa, Senna largou na pole e manteve a ponta, mas Mansell vinha com seu arrojo característico e tentou a todo custo fazer a ultrapassagem, mas não conseguia superar o brasileiro.

Então chegou o momento das paradas nos boxes. E, desta vez, foi a McLaren que se enrolou toda no pit, com Senna caindo para terceiro, atrás de Mansell e da Ferrari de Jean Alesi.

No entanto, a sorte de campeão estava com o brasileiro, pois Mansell começou a sofrer com problemas elétricos e acabou fora da prova. Alesi tinha a chance de vencer pela primeira vez na carreira, porém teve um problema de motor e abandonou, assim como acontecera com Alain Prost, seu companheiro de equipe, no início da prova.

Senna teve dia difícil, mas contou com a sorte no final

Contudo, a vida de Senna não estava fácil. A sua McLaren começou a apresentar problemas de câmbio e o brasileiro tinha mais uma vez que segurar o carro nas voltas finais.

Alguns adversários surgiram: primeiro Nelson Piquet, com a Benetton arriscou uma estratégia de não parar e foi se segurando na pista, mas com o desgaste de pneus e por utilizar compostos Pirelli, ante os Goodyear da concorrência, foi perdendo rendimento.

A grande surpresa era o de Andrea de Cesaris, justo o companheiro de Schumacher, desenxavido por tomar um segundo e meio de um novato na classificação, vinha com tudo na corrida e se aproveitou dos problemas alheios para chegar ao segundo posto e vindo mais rápido que Senna.

Será que De Cesaris finalmente calaria a boca dos críticos, depois de tantos acidentes e de tantos problemas, conseguindo uma vitória com uma pilotagem magistral e com uma dose de sorte?

Andrea de Cesaris em dia inspirado

Não! Apesar da grande exibição, o italiano teve  motor estourado a três voltas do fim. Fora esta a sua última grande oportunidade na carreira.

Riccardo Patrese era teoricamente o oponente mais perigoso de Senna, pois tinha uma Williams e vinha babando em busca da vitória, mas o motor do italiano começou a falhar também na reta final e perdeu muito rendimento.

Senna seguiu se arrastando até a linha de chegada e somou mais uma vitória, importantíssima para a conquista do tricampeonato. Gerhard Berger completou a dobradinha da McLaren e Piquet ainda pegou um lugar no pódio. Esta seria última vez em que os dois brasileiros estiveram juntos entre os três primeiros.

Senna e Piquet no pódio. A última vez que vimos isso

Em quarto, veio a outra Benetton, pilotada por Roberto Pupo Moreno, que de quebra, fez a volta mais rápida da prova. Três brasileiros entre os quatro primeiros. Bons tempos, não?

Patrese ainda se arrastou até o quinto posto, seguido pela Brabham de Mark Blundell, que somara o primeiros ponto da carreira e um dos últimos da tradicional equipe.

A corrida terminou, mas a agitação em cima de Schumacher não. Flavio Briatore ficou bem interessado no jovem germânico que lhe ofereceu uma grande oportunidade.

Moreno brilhando. Infelizmente foi a última dele pela Benetton

Após as negociações, o chefão carcamano dispensou Moreno sem piedade alguma e colocou Schumi no carro amarelo e azul. Um desfecho triste e injusto para os esforços do "Operário da Velocidade" na Benetton e o início de uma era que mudaria a história da Fórmula 1 por completo pelas mãos de Michael Schumacher.

____________________________________________________________________

Melhores momentos da corrida, você vê aqui:







                                                              Curta-Nos no Facebook!


   
                                                             Leia outros textos do blog






Comentários

Postagens mais visitadas