O Peraltado: batalhas no mundo digital; dramas no mundo real

Olá pessoal! Sou Eduardo Casola Filho e esta é mais um artigo para a coluna O Peraltado, que retorna de suas férias. Enquanto a Fórmula 1 ainda não volta ao batente para o grande público, resta ao ao bom e velho torcedor cabeça de gasolina encontrar outro hobby por aí.

Claro, assistir corridas antigas, jogar um game, ler livros, viajar, entre outras coisas, sempre estão no nosso cartel durante o período de ócio. No entanto, uma ou outra atividade diferente pode ser adotada nesse período.

Bom, contando um pouco sobre mim, digo que nesse período sem automobilismo, reencontrei-me com uma velha paixão da infância/adolescência, lá no começo dos anos 2000, que estava adormecida nos últimos anos, mas que, com eventos recentes, voltou a tona. Como um nerd de longa data, claro que falo dos monstros digitais, da série de games, mangás e animes Digimon!



A série é conhecida mundialmente pela rivalidade comercial com Pokemon, mas ela possui sua personalidade própria, contando com um universo de eventos e acontecimentos bem interessantes, reunindo uma grande base fãs mundo afora. (e que se comportam de forma muito similar a fãs de automobilismo, pelo menos nas contendas das mídias sociais, pelo que vejo por aí)

Apesar da grande variedade de produtos, os animes são a grande vedete da série. Os desenhos animados possuem um alcance maior. Ao todo, sete temporadas foram lançadas, geralmente com histórias paralelas, mas que trazem algumas ligações ocultas, como se fossem nos filmes de Quentin Tarantino, por exemplo. (embora os games e os mangás tragam mais detalhes sobre essas ligações)

Digimon Adventure


Dentre os animes, o mais popular e aclamado, de um modo geral, é do a saga Adventure, que são as duas primeiras temporadas da série (em especial a primeira). Foi aquela que estreou na Rede Globo em 3 de Julho de 2000, na época ainda boa para a programação infantil na TV aberta e que tinha Angélica cantando e passando vergonha com o tema tupiniquim. Deixo também a versão original, que, de fato, é melhor.








Bom, até agora você deve estar enfadado com esse papo de otaku e está prestes a fechar este texto, pois esperava ler algo sobre corrida e não sobre desenho japonês, certo? Bom, agora vou explicar qual a relação que encontrei entre estes dois universos tão distintos.

A história de Digimon Adventure começa em 1º de agosto de 1999, quando um grupo de sete crianças é sugado para um lugar inóspito, cheio de criaturas bizarras, os tais digimons. Algumas dessas criaturas logo se tornam seus parceiros e os ajudam em batalhas contra seres perversos que querem tocar o terror no Mundo Digital (ou Digimundo, se preferir) e no mundo real.

A aventura daquelas crianças segue por dias, mas, por questão de distorções no tempo-espaço o tempo passa mais rápido no Digimundo. Eles conseguem voltar ao Japão ainda no mesmo dia 1º de agosto de 1999, embora este não tenha sido o fim da missão deles, pois muita coisa acontece depois.

A data em questão era um calmo domingo daquele ano agitado, às vésperas do novo milênio que viria. Enquanto aquela molecada nipônica estava diante de eventos que mudariam sua vida para sempre, a 9 mil quilômetros de lá, mais precisamente no coração da Floresta Negra alemã, o circo da Fórmula 1 estava armado para mais uma etapa do seu campeonato mundial. Ufa, cheguei lá!

Ué, cadê o Schumi?

A temporada de 1999 estava bem empolgante, com muitas disputas e resultados surpreendentes. Infelizmente, um baque enorme atingiu a categoria: o acidente de Michael Schumacher no GP da Inglaterra, Silverstone, causou o afastamento do alemão por contra da fratura nas pernas.

Apesar disso, a torcida compareceu em bom número no autódromo de Hockenheim, uma parte para apoiar os seus patrícios, em especial Heinz-Harald Frentzen, que estava em bom momento na carreira, mas uma boa parte estava lá pela Ferrari mesmo.

Quem estava disposto a estragar aquela festa era Mika Hakkinen. O finlandês era o atual campeão e liderava o campeonato, mas vinha em uma sequência ruim de resultados. A pole era o desejo de mostrar que estava disposto a se redimir.

Na largada, Hakkinen já disparou na ponta, mas quem roubava a cena era o seu xará e compatriota Mika Salo, que pulava de quarto para segundo.O outro finlandês estava em sua segunda corrida na casa de Maranello em substituição a Schumi e esta era a sua grande chance na careira após passagens por Lotus, Tyrrell, (ambas em estado terminal) Arrows e BAR.

Após o safety-car causado por Jacques Villeneuve, que obliterou a Sauber de Pedro Paulo Diniz, a corrida retomou seu ritmo normal, com Hakkinen abrindo vantagem e Salo se defendendo de David Coulthard, disposto a colocar o 1-2 da McLaren.

Mas o escocês foi afobado e numa tentativa de ultrapassagem tocou a Ferrari do finlandês, quebrando a asa dianteira, o que levou a uma parada extra e a voltar para o fim do pelotão.


A corrida seguiu sem mudanças nas primeiras posições, mas com várias quebras ao longo da prova, além dos pegas no pelotão intermediário, especialmente por Coulthard que remava para se recuperar.

Quando a sequência de paradas começou, a situação da McLaren se complicou. O trabalho nos pits com Hakkinen foi um completo desastre, com intermináveis 24 segundos nos boxes. Com isso, Salo pulou para a ponta, seguido pelo companheiro de equipe Eddie Irvine. Festa vermelha na Alemanha.

A Estaberria de Maranello resolveu se mexer pensando no campeonato. Como Irvine era a última cartada da equipe italiana para sair da fila de títulos naquele ano, a cúpula ferrarista mandou Salo abrir passagem para o companheiro, O finlandês abria mão da sua única chance de vitória na carreira, mas era o campeonato em jogo.

Carro de Hakkinen após o acidente. O bólido está exposto no Museu da Ciência de Londres

Hakkinen acelerava forte para brigar com as Ferrari e voltar à ponta, mas o finlandês tomaria um susto quase tão grande quanto aquelas crianças tomaram no desenho. O pneu traseiro direito arrebentou antes da curva de entrada do trecho do estádio e a McLaren desgovernada rodopiou e bateu de frente na barreira de pneus, lembrando um pouco o acidente que vitimou Schumacher. Por sorte, o finlandês saiu inteiro e ficou só no susto.

Daí por diante, bastou a dupla ferrarista administrar a dobradinha, para a festa local. Os torcedores para pilotos locais também ficaram satisfeitos com Frentzen no pódio, seguido por Ralf Schumacher. Os dois últimos lugares nos pontos foram bem disputados e terminaram com Coulthard em quinto e Olivier Panis em sexto.

Melhores momentos da corrida:


Com o resultado, Irvine pulava para a liderança do campeonato, com oito pontos de vantagem para Hakkinen. O campeonato seguiu embolado e com reviravoltas, como um livro, um filme, ou mesmo um anime, mas o final acabou sendo feliz para o finlandês, que conquistou seu segundo título na categoria. O ano de 1999 foi inesquecível para muitos. Para geeks e para cabeças de gasolina.

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Valeu!


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