O Peraltado: O GP do México que mudou os rumos de uma temporada

Olá pessoal. Eu sou Eduardo Casola Filho e este é mais um artigo em O Peraltado. A história de hoje remete a um histórico grande prêmio disputado no Autódromo Hermanos Rodriguez.

A pista que serve de inspiração para o nome desta coluna (infelizmente a curva Peraltada não é mais usada :( ) teve 16 edições do Grande Prêmio do México em sua história. Dentre todas, destaco 1986, um ano histórico na Fórmula 1 em muitos aspectos.

Berger comboiando o pelotão (imagem: site Fórmula 1)

A categoria voltava ao território mexicano após 15 anos com uma corrida decisiva no certame daquele ano. Era a penúltima prova do mundial e a corrida poderia coroar Nigel Mansell como campeão caso conseguisse manter mais de nove pontos de vantagem para Alain Prost e Nélson Piquet antes da prova final, na Austrália.

A classificação ocorreu sem surpresas, com Ayrton Senna, de Lotus, colecionando a sua oitava pole position na temporada, As Williams de Piquet e Mansell seguiam logo atrás, seguidos pela Benetton de Gerhard Berger, a Brabham de Riccardo Patrese e a McLaren de Alain Prost.

Para o Red Five, apenas comboiar Prost e Piquet era o suficiente, mas o inglês fez questão de estragar tudo com uma largada webber-barrichelliana, caindo para o fim do pelotão.

Largada da corrida Mexicana (imagem: blog Motor Spirit)

Enquanto Mansell remava no pelotão, Piquet assumia a ponta, seguido de perto por Senna, Prost e Berger. O panorama seguiu-se assim até a hora das paradas nos boxes.

Aqui cabe um parêntese: Haviam duas fornecedoras de pneus naquela época: a Goodyear, que cedia sua borracha para boa parte das grandes escuderias do grid, e a Pirelli, que estava mais com equipes médias e pequenas.

A Benetton era uma equipe estreante em 1986, a equipe fora um dia a Toleman, aquela pela qual Senna estreou na F1. A escuderia da grife das Cores Unidas era a principal cliente da Pirelli em 1986.

Voltando a corrida, todos os principais nomes da temporada precisavam trocar pneus pois o asfalto irregular do circuito mexicano e o clima quente e seco causavam um desgaste grande.

Prost, com sua tocada mais suave e cerebral ainda conseguiu levar o carro com uma parada durante as 68 voltas da prova; Senna e Mansell pararam duas vezes; já Piquet precisou de uma terceira troca após problemas no último set. O brasileiro teve que segurar o ímpeto do Leão na briga pelo quarto lugar.

O pulo do gato da Benetton e da Pirelli (imagem: site Fórmula 1)

Mas, o que ninguém esperava era que Berger continuasse firme e forte. Em 1986 não havia reabastecimento e nunca havia se pensado na possibilidade de se obrigar a usar mais de um composto durante uma corrida.

Isto é, se um piloto quisesse ficar na pista o tempo inteiro e não entrar nos boxes e perder tempo om pit-stops demorados (naquela época era bem mais demorado que hoje), ele podia. Uma vez ou outra se fazia isto em algumas pistas, mas no complicado circuito asteca, não era algo recomendado.

Mas a Pirelli estava inspirada naquele dia. O composto levado ao circuito Hermanos Rodriguez era resistente e competitivo, casando bem com o carro Benetton B186 motor BMW turbo e com o estilo de pilotagem de Berger.

Pódio lotado e bandeiras bem zoadas: GOSTAMOS! (imagem: QuintEvents)

Ao final das 68 voltas. Gerhard Berger conseguia a sua primeira vitória na categoria máxima do automobilismo mundial e dava a primeira conquista para a Equipe das Cores Unidas. Prost e Senna fecharam o pódio, seguidos pelas Williams de Piquet e Mansell e pela Ligier de Philippe Alliot.

Melhores momentos da corrida



Últimas voltas (narração de Galvão Bueno)


O resultado surpreendeu a Goodyear que resolveu para a corrida seguinte, na Austrália,  usar o mesmo método da sua concorrente: Um pneu que tivesse desempenho, mas que durasse a corrida inteira. Mas o resultado não foi o esperado.

A McLaren não confiou nos pneus da Goodyear, enquanto a Williams acreditou. Resultado: Prost venceu a corrida e acabou campeão.

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Voltando ao México, Piquet ainda foi responsável por uma última efeméride: O brasileiro deu uma carona tripla para Alliot, para Rene Arnoux e para Stefan Johansson, que pararam pelo caminho.


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